Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VII, 2021
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
Danniel Leão de Oliveira, Carlos César Barros
Resumo: O reconhecimento é tema recorrente de estudo das ciências sociais e da psicologia quando se busca discutir as características e motivações que sustentam as relações humanas intersubjetivas. Entretanto, não há consenso acerca do conceito de reconhecimento. Este trabalho, um estudo teórico feito utilizando a metodologia de pesquisa bibliográfica, busca pensar reconhecimento de uma maneira decolonizada a partir da perspectiva negra proposta por Frantz Fanon, baseando-se no pensamento de Axel Honneth, filósofo da terceira geração da Escola de Frankfurt. A ideia do trabalho é enfrentar um problema teórico de compreensão do reconhecimento na sua relação com a psicologia e trazer esse conceito para um plano decolonizado. Assim, o objetivo principal é identificar os elementos de um possível diálogo entre os conceitos de reconhecimento em Axel Honneth e Frantz Fanon. A maior dificuldade encontrada na realização desse trabalho foi o nível de complexidade dos textos abordados, tanto Honneth quanto Fanon são autores muito complexos. Isso torna as leituras e os fichamentos mais lentos o que acaba atrasando toda realização do trabalho. Para enfrentar a alta complexidade dos textos, o estudo foi feito analisando três categorias sob as perspectivas de ambos os autores: conceito de reconhecimento; influência de Hegel; influência da psicanálise. A partir dessas categorias foi possível aprender que o diálogo entre ambos os autores estudados se mostrou muito proveitoso. Tanto Fanon quanto Honneth analisam o reconhecimento a partir de uma base psicológica e tentam compreender a posição do reconhecimento nos conflitos sociais. Apesar de referências epistemológicas distintas, os dois filósofos conseguem convergir em alguns pontos, apesar de divergir em outros. Fanon e Honneth se aproximam na conceituação do reconhecimento, pois o enxergam como força emancipatória, mas se afastam quando pensam a reciprocidade do reconhecimento. Os dois autores recebem de forma diferente a influência de Hegel, um na Alemanha que focava aspectos como a modernidade e a intersubjetividade e outro na França que visava um estudo da consciência infeliz. Ambos colocam parte fundamental da sua obra no olhar da psicanálise. Honneth se afasta da teoria da pulsão freudiana e opta pela teoria da relação objetal de Winnicott com o intuito de fortalecer o aspecto afetivo da sua teoria por reconhecimento. Já Fanon, aceita a potencialidade da teoria freudiana, mas também a crítica com o objetivo de construir uma análise mais social que considere o sujeito negro. Além disso, os dois autores discutem sobre o corpo e sua relação com o reconhecimento, e também abordam a afetividade como uma temática intrínseca ao reconhecimento. Logo, é possível pensar que existem vários pontos de intersecção entre esses dois pensadores e que o estudo de um possível diálogo sobre essas teorias pode significar um entendimento decolonizado do reconhecimento, assim como um avanço para psicologia na compreensão desse conceito. Assim, esse trabalho serviu como aprendizado da relevância que um estudo teórico têm, compreender conceitos como o reconhecimento é de extrema importância para que a teoria psicológica possa avançar e que ações práticas sociais possam ser realizadas tendo esses conceitos estudados como pressupostos básicos. Compreender os possíveis diálogos do reconhecimento entre Axel Honneth e Frantz Fanon pode significar um avanço para como a psicologia entende reconhecimento e como esse reconhecimento pode ser utilizado para formação em psicologia social. Honneth consegue ensinar sobre a estrutura dos conflitos sociais e Fanon consegue passar a importância de um conhecimento decolonizado que valorize a pespectiva negra, assim pode ser possível contribuir para formação de uma psicologia social antirracista e anticolonial.
Palavras-chave: Reconhecimento; Fanon; Honneth.