Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VII, 2021
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
Carla Karina Araujo Ferreira, Francisco Georgerlanio de Brito Felipe, Gabriela Pereira Passos, Zenilda de Araújo Albuquerque de Castro, Orlando Júnior Viana Macêdo
Resumo: O presente estudo foi construído na unidade curricular Projeto Integrador: Psicologia e Políticas Públicas, componente curricular que faz parte da formação em Psicologia no Centro Universitário Paraíso do Ceará UniFAP. Na unidade curricular em questão discentes e professor atuam colaborativamente, pois são co-construtores do conhecimento por meio de atividades que possibilitem a aplicação e produção de conhecimentos, aproximando a realidade prática e a teoria aprendida em sala de aula. Para tanto, além de discussões em sala de aula com o professor responsável pelo componente curricular, são desenvolvidas atividades extra sala, sempre com o acompanhamento docente. O estudo realizado abordou o problema social da violência contra as mulheres. Sabe-se que tal problemática tem sido, desde a década de 1960, uma das principais bandeiras de luta dos movimentos feministas ao redor do mundo. A expressão violência de gênero foi introduzida pelos movimentos feministas e tem sido utilizada como sinônimo de violência contra mulher. A propagação desses movimentos possibilitou o aparecimento da primeira Delegacia de Defesa da Mulher em 1985, e a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), direcionadas para reprimir a violência contra mulheres. O drama da violência da violência doméstica faz parte do cotidiano das cidades, do país, e dos municípios. No estado Ceará houve um aumento significativo na taxa de homicídios de mulheres nos últimos anos, tendo destaque para o município de Juazeiro do Norte que expressou um aumento de 24% referente ao último ano. Em decorrência disso, o presente estudo se propôs a analisar de que forma as políticas públicas implantadas na região do Crajubar, que envolve os municípios Juazeiro do Norte, Barbalha e Crato, no estado do Ceará, podem impactar na vida dessas mulheres, bem como expor dados de ocorrência sobre violência contra as mulheres na Região do Crajubar; descrever as marcas da violência doméstica sofrida por mulheres; e conhecer os efeitos das políticas públicas na vida de mulheres que foram vítimas de violência. A principal dificuldade encontrada foi o contexto de distanciamento social decorrente da Pandemia da COVID-19, que inviabilizou acesso a documentos na Delegacia de Defesa da Mulher e contato com profissionais que atuam em diferentes Políticas Públicas, no combate a violência contra as mulheres. O que demandou um redirecionamento no nosso projeto de pesquisa. Dessa forma, foi utilizada como estratégia metodológica a pesquisa baseada em um paradigma qualitativo, por meio da técnica de pesquisa bibliográfica. Recorreu-se a artigos e livros, disponíveis na plataforma Mendeley e na base de dados Scientific Library Online (SciELO). Tal busca foi realizada por meio dos descritores violência doméstica, violência de gênero, violência familiar e políticas públicas combinados de diferentes formas a partir do uso do operador booleano AND, sem limite de data. Foram selecionados, entre artigos e livros, dez (10) trabalhos pelas(os) autoras(es). A leitura e análise desse material nos possibilitou constatar que a violência contra mulher permanece alta, comparada com os últimos anos na região do Crajubar. Apontando um número mais elevado para o município de Juazeiro do Norte. Sob esse viés, foi possível averiguar as marcas da violência doméstica eclodida nessas mulheres pelos diversos tipos de violência principalmente de forma física, psicológica e ameaças sofridas por elas. Foi possível aprender, a partir de depoimentos de diferentes mulheres que participaram de outros estudos, que as atividades grupais e individuais ofertadas por diferentes políticas públicas possibilitaram novas maneiras dessas mulheres lidarem e lutarem com as situações de violência em seu cotidiano. Percebeu-se, portanto, que tais situações podem ser minimizadas pela rede de atendimento assistencial e de segurança, ocorrendo um significativo auxílio ao público que a procura, porém, percebeu-se também necessidade de mais efetividade das políticas públicas, para que promovam e qualifiquem a manutenção dos espaços por enquanto existentes. Consideramos importante compartilhar essa experiência de aproximar mais a Psicologia da realidade de mulheres cujos direitos estão sendo violados, de forma a pensarmos coletivamente estratégias que aprimorem os serviços públicos de atendimento e combate à violência doméstica.
Palavras-chave: Palavras-chaves: Violência; Gênero; Políticas Públicas.