Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VII, 2021
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
Fabiana Ribeiro Monteiro, Alessandra De Araujo Bastos Santana, Ana Paula Carvalho, Beatriz Zeidan, Gabriel Campelo, Genilson Barroso Da Costa, Jessica Gabaglia De Oliveira, Mariana Costa Dos Santos, Sebastiana Sarah Martins Lacerda, Wellyta Carina De Paula Oliveira
Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo apresentar a trajetória cartográfica realizada antes da interrupção das práticas grupais presenciais nas mais de quarenta unidades básicas de saúde espalhadas pela cidade de Parnaíba-Piauí. A ideia da responsabilidade individual pela própria saúde parece ter adquirido, em nossa época, uma espécie de credibilidade absoluta que condena todos à prevenção dos riscos de adoecimento por meio do estilo de vida. Desse modo, caracteriza-se o trabalho imaterial nos territórios da saúde, especialmente nas diversas práticas grupais, pois já é possível identificar que as relações capitalísticas desse tipo de atividade não está simplesmente atravessada por uma contradição material e objetiva, mas sobretudo por um antagonismo subjetivo. Cada vez mais, o investimento na cooperação e gestão autônoma do saber exige uma força de trabalho que produz a sua própria medida de subjetivação. Isso significa que o trabalho dos profissionais de saúde tem se singularizado, que a força produtiva se apresenta como força singular, o que implica numa gestão biopolítica geral, e por conseguinte, indispensavelmente, numa dimensão da produção do indivíduo, na produção de valor, na produção dos corpos. As relações entre corporeidade e política pois, não são, simplesmente, uma questão sobre um circuito de bens e riquezas, modos de regulação das desigualdades socioeconômicas, assim como, a fabricação de um corpo não se separa de uma maneira de experimentar o tempo. Tal problemática inspirou a observação participante dos estudantes de psicologia do grupo de estudos/pesquisas Corpo e Sociedade da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) a acompanhar os processos grupais dos territórios da saúde pública existentes nas diversas ações em saúde mental, atividade física, apoio gestacional, dentre outros. Também foram realizadas vinte cinco entrevistas semi-estruturadas entre os coordenadores das práticas grupais a fim de delimitar o perfil sócio-laboral e as características materiais e simbólicas dessas atividades. Para a Cartografia, o método não se define por metas traçadas anteriormente, tampouco se delimita a partir desta ou daquela ferramenta de pesquisa, mas sobretudo por um caminho e uma direção ético-política. Desta maneira, possibilita que no pesquisar os instrumentos e participantes sejam forjados, (re) situando-os sempre a partir do plano de relações que produz a pesquisa, não a partir de si mesmos (PASSOS, KASTRUP, & ESCÓSSIA, 2014). Foi possível verificar, entre outras dificuldades, a falta de espaços adequados para as práticas grupais bem como de capacitação interseccional e antirracial entre os profissionais de saúde coordenadores na realização dos grupos essenciais no exercício das práticas do Sistema Único de Saúde (SUS) desta cidade. Desta maneira, os processos de singularização continuam sendo esmagados por processos de idealização, desconsiderando os modos de vida singular dos usuários do território que, não são simplesmente uma representação, mas um dispositivo de expressão de afetos que insurgem em determinantes de classe, gênero e raça. Por isso, é impossível descorporificar o social, pois é impossível purificar o espaço político de todo afeto. Neste sentido, simultaneamente, constatamos que, o grupo não consiste apenas num espaço universal/unificado ou ainda ilhado nas suas determinações sócio-históricas, mas, sobretudo, nas múltiplas práticas de grupalização (e as grupalidades que estas produzem) que podem ser pensadas como espaços estratégicos e tramas de conexões singulares, como dispositivos de experimentação de novos planos do comum. Tal premissa vem norteando as atuais investigações dos poucos grupos que atualmente vem acontecendo nas unidades básicas de saúde por meio das tecnologias digitais neste contexto pandêmico.
Palavras-chave: grupos, unidades básicas de saúde, profissionais, SUS