Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VII, 2021
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
Alexandra Veras Sobreira
Resumo: Essa pesquisa, está sendo desenvolvida na área da Psicologia, mais especificamente, da Psicologia Social Crítica, com ênfase na dança, na identidade e na metamorfose. Necessitamos de adaptação ao desenvolver a pesquisa durante a pandemia do COVID-19, o que acabou resultando na diminuição de números de entrevistadas. Tem o objetivo de analisar a relação estabelecida com a dança, analisado a partir de um referencial teórico de reconhecimento. A dança do ventre possui uma história atravessada por diferentes tipos de opressão aos corpos femininos. Carregada de estigmas e preconceitos, que enquadram as performances da bailarina em sentidos eróticos e sensuais, como forma de prazer para homens héteros. Baseado nisso e de como essa dança foi transnacionalizada do oriente para o ocidente, apresenta-se o conceito de Orientalismo, trazido por Edward Said e por meio das conjecturas que a envolvem. Levantar questões que possibilitem enxergar toda essa construção pautada no colonialismo, nas relações de gênero e classe a luz de uma perspectiva interseccional, são necessárias para o entendimento da dança apresentada pela nossa personagem. A identidade que emerge, pode ser agrupada como peça fundamental para a compreensão, aceitação e reconhecimento das invisibilidades de grupos marginais. Trata-se de uma abordagem qualitativa, com narrativa de uma história de vida, acerca de uma mulher que dança e da sua trajetória metamórfica relacionada ao processo da dança inventada por ela: Temple Dark Fusion, ramificada da dança do ventre, do tribal fusion, com influências do buto de Hijikata e das diversas mortes reencenadas. Juntamente com a herança da dança do ventre, trataremos de questões patriarcais, influenciadoras na repercussão do modo de se entender a dança e o feminino. A narrativa exposta passa por processos de metamorfose e de reconhecimento imbricados com um processo de escuta das experiências, por meio de entrevista livre de questionários e/ou formulários. Introduzida por uma questão mais abrangente, perguntas disparadoras foram colocadas do início ao fim da entrevista, à fim de nortear um pouco para a entrevistanda sobre o assunto, mas deixando-a livre para se estender a pergunta em questão. Por exemplo: Quem é você?, Como chegou nesse ponto que está hoje?. Uma noção de identidade contextualizada à partir dos estudos de Ciampa e Lima, e da dinâmica das personagens constituídas por/e sobre a dança. Numa perspectiva que liberta não só personagens, mas que extravasa as sombras ocultas de dor vivenciadas na carne, no feminino e no humano em forma de arte, uma arte que toca, que afeta e que transforma corpos, conteúdos, gestos, identidades e auto reconhecimento, processo de via dupla, onde se vê e se é visto dentro dessa mistura corpórea, poética e política. Performance proposta por experiências capazes de gerar por um contexto relacional, elaboração do conteúdo apresentado, como uma maneira de operar comunicação. O elemento performático aparece sutilmente, atravessado pela fotografia e pela própria dança. Corpo performativo, enquanto corpo possível, com qualidades. Realizando ações que tragam desconforto para antigos problemas. Uma dança com influências coloniais, subalternizada, marginalizada e fetichizada pelo imaginário masculino. Uma narrativa única, mas que pode remeter a várias existências, que carrega a ancestralidade da potência transformadora da resistência. Entendemos um sujeito implicado no próprio processo de construção de suas experiências, e como tal, possibilita à nossa escuta, o mergulho necessário para escrever e acolher essa narrativa. Possíveis resultados- com isso se espera abordar a dança como um elo de ligação à força vital e instrumento para vários eus (personagens) e campo de experimentação de profundezas emocionais; discutir como se dá a apropriação desse corpo- e os efeitos que o praticar a dança produziram nas relações de reconhecimento; Investigar a performatividade da dança no aspecto da metamorfose da identidade.
Palavras-chave: metamorfose; dança-do-ventre; feminino.