Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VII, 2021
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
Ueliton Santos Moreira-Primo; Barbara Santana Ribeiro; Paloma Silva de Souza.
Resumo: Existe um processo pelo qual os indivíduos recebem mensagens sobre raça e etnia, vindas de diferentes agentes, as quais dá-se o nome de socialização étnico-racial. Tais mensagens podem assumir diferentes formatos, sendo verbais ou não, também podem culminar em resultados positivos ou negativos, que influenciam aspectos importantes da formação dos sujeitos, tais como identidade social, autoconceito, e autoestima. No núcleo familiar, os sujeitos constroem os primeiros aprendizados sobre raça e etnia, mas, ao longo do processo de desenvolvimento, passam por outras agências socializadoras, sendo a escola uma das mais importantes, já que nela são passados conhecimentos formais e também são construídas relações entre pares e com figuras de autoridade. Além do seu papel educador, a escola é um dos primeiros ambientes de socialização do indivíduo, atuando como mediadora principal das influências socioculturais, como os valores, as crenças e as ideologias. Ao pensar no papel da escola no processo de socialização étnico-racial, é importante mencionar as leis 10.639/03 e 11.645/08, que foram promulgadas com o objetivo de implementar na rede básica de educação o ensino da história africana, afro-brasileira e indígena. Estas leis reconhecem a dívida histórica do Brasil diante das minorias étnicas, bem como, questionam o modelo vigente de educação norteado por um ideal eurocêntrico de branqueamento que nega a diversidade étnica e cultural do seu povo, violentando e negando a possibilidade de uma educação que contribui para a construção saudável das identidades de seus jovens e crianças. A literatura tem demonstrado que especificas mensagens de socialização étnico-racial, por agentes escolares, como professores, podem servir para ajudar crianças e jovens minoritários, a exemplo de negros e indígenas, a construírem uma imagem positiva de si, fortalecendo suas identidades étnico-raciais e a aprenderem a entender e a lidar de forma mais efetiva com o racismo na sociedade, e servem como fatores protetivos do bem-estar psicológico, social e acadêmico dessas crianças e jovens. Para crianças e jovens de grupo majoritário, a exemplo dos brancos, específicas mensagens sobre raça e racismo podem servir para educá-los a, por exemplo, não reproduzirem o racismo e a se engajarem na sua desconstrução. Nesse sentido, mensagens de socialização étnico-racial podem servir para ajudar crianças e jovens a entenderem a sociedade racializada, a produzir bem-estar em suas relações intergrupais e para contribuir, de forma positiva, no desenvolvimento infanto-juvenil, livre dos efeitos tóxicos e nocivos do racismo. Este minicurso visa apresentar algumas contribuições da teoria da socialização étnico-racial, expondo algumas formas sobre como, porque e quando falar com crianças e jovens sobre raça e racismo. Visamos discutir possibilidades de conversas com esse público no contexto da escola, lugar onde as crianças e os jovens passam a maior parte de suas vidas e onde também se deparam com inúmeras situações de racismo, preconceito e discriminação. O minicurso será dividido em três momentos, intercalando atividades síncronas e assíncronas. De início, os proponentes disponibilizarão um vídeo introdutório, apresentando a teoria da socialização, as principais mensagens e o que já se tem a nível de conhecimento empírico acerca das consequências dos diferentes tipos de mensagens. Ao final do vídeo, será lançada a seguinte proposta de atividade: os(as) participantes serão convidados a pensar, caso estivessem inserido no contexto escolar ou na posição de formulador(a) de políticas públicas voltadas para a luta antirracista na escola, como elaborariam atividades que possibilitem passar para crianças e jovens mensagens de socialização étnico-racial, pensando nos tipos de mensagens mais apropriados, suas possíveis consequências (positivas ou negativas) e como manejá-las. Por fim, será realizado o encontro síncrono, no qual as atividades realizadas serão compartilhadas em relatos orais e discutidas à luz da teoria da socialização.
Palavras-chave: socialização étnico-racial, escola, raça e racismo, crianças e jovens.