Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VII, 2021
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
Valentina Cabral Lopes dos Santos
Resumo: A partir de meados do século XIX, a maternidade ao redor do mundo é encarada como o papel mais importante na vida de uma mulher. Os movimentos feministas no Brasil e no mundo fizeram e fazem um grande marco na história das políticas públicas efetivas ao gênero feminino. Contudo, embora saibamos e reconheçamos a importância dos movimentos sociais no que se refere a conquista dos direitos das mulheres, principalmente tendo na linha de frente os movimentos feministas, ainda há muitas questões a serem discutidas e conquistadas com relação a maternidade. Em contraponto ao termo mãe-solteira, historicamente utilizado para identificar as mulheres que criam os filhos sozinhas, a expressão mãe-solo tem se popularizado na sociedade atual como uma tentativa de desconstruir a definição pejorativa que está relacionada ao estado civil da mulher com o fato de ser mãe. Por muito tempo, o termo foi tratado sob a visão de controle das sociedades patriarcais, na qual a maternidade se apresenta como elemento de subjugação da mulher em relação ao homem. Mudar a forma de se referir a essas mulheres visa, desta maneira, dissolver nuances de preconceito com as genitoras que não têm qualquer relação com o pai de seus filhos, ou com mães que se separam, ou mães que optaram por serem mães sem necessariamente estar em uma relação conjugal. Desse modo, o presente estudo ainda está em andamento e será uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa de caráter descritivo, que visa compreender a vivência da maternidade-solo de mulheres participantes do Clube de Mães Caiane Mateus. Para uma análise teórico-metodológica, considera-se a categoria sofrimento ético-político da Bader Sawaia (1999) para refletir as diversas desigualdades encontradas nesse tipo de maternidade e a perspectiva interseccional de Carla Akotirene (2019), enquanto teoria que propõe à inseparabilidade estrutural entre racismo, capitalismo e cisheteropatriarcado. As participantes deste estudo serão 5 mulheres adultas cis gênero (acima de 18 anos) que tenham tido filho(s) e assumido a maternidade de maneira solitária, em situação de vulnerabilidade socioeconômica, do Clube de Mães Caiane Mateus, na cidade de São Luís no estado do Maranhão. Como critérios de inclusão, temos: ser mãe-solo (bastando ausência prática do pai isto é, pode conter nome do pai na certidão ou receber algum auxílio financeiro, mas não há presença cotidiana da figura paterna), ser chefe de família e ter filho/a (s) com até 11 anos de idade, pois até essa faixa etária ainda se considera, segundo Piaget (1973), haver estágios de desenvolvimento infantil, onde os cuidados exigidos para essa mãe são maiores com relação a esse/a(s) filho/a (s). São critérios de exclusão: ter idade menor de 18 anos e não autorizar a presença de gravador de voz. A pesquisa se dividirá em 2 fases: 1ª fase) Questionário sociodemográfico com entrevistas iniciais individuais e a 2ª fase) Grupo focal com as participantes da pesquisa. Para a análise dos dados coletados, será utilizada a análise de conteúdo na visão de Bardin (1977). Nesses termos, vislumbra-se que a vigente pesquisa possibilitará e mobilizará alternativas de acolhimento social, que contemplem as principais esferas afetadas da vida dessas mulheres, podendo proporcionar melhor qualidade de vida.
Palavras-chave: Mãe-solo; Psicologia Comunitária Social Crítica; Sofrimento ético-político.