Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VII, 2021
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
Amanda Klicya Jales Rezende, Ana Beatriz de Oliveira Chagas, Évilla Karielly Fernandes, Fernanda Fernandes Gurgel
Resumo: A inserção da Psicologia em contextos rurais é ainda recente e está se desenvolvendo na América Latina. O campo de estudo das ruralidades é novo e está em processo de expansão, tendo poucas referências de atividades realizadas por psicólogas nessa área. A interiorização da atuação e a formação em Psicologia tem demandado a construção de conhecimentos em consonância com a realidade encontrada. O curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí, unidade acadêmica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, desenvolveu uma proposta alternativa de estágio supervisionado para formação de psicólogos na área das ruralidades, realizando atividades e reflexões ancoradas na Psicologia Ambiental e Comunitária, necessárias para extrair grande parte dos conceitos utilizados. É importante compreender que o contexto das ruralidades é entendido no plural por apresentar características diversificadas, pois nele estão inseridas as populações do campo, das florestas e das águas, espaço geográfico e simbólico, onde seus modos de vida e reprodução social estão intrinsecamente relacionados ao seu ambiente. Os locais escolhidos para realizar o estágio foram grupos de mulheres agricultoras que atuam na área periurbana da cidade de Santa Cruz/RN e organizações que atendem comunidades com serviços de apoio técnico em extensão rural. Cabe destacar que esse estágio apresenta inúmeros desafios e um dos principais é por apresentar pouco ou nenhum profissional da psicologia nos campos em que estamos adentrando, uma vez que a psicologia no contexto rural é pouco explorada e discutida pela comunidade acadêmica. Dada essa circunstância, podemos pontuar que a incerteza sobre o que fazer nesses espaços foi constante, pois nossa atuação não era uma continuidade de um trabalho já existente, mas sim, a idealização e realização de um trabalho completamente novo. Em todos os contatos com a comunidade, buscamos contar com a participação ativa das pessoas que estão intrinsecamente relacionadas a esses espaços, de modo a conhecer a realidade vivenciada por essas pessoas, bem como suas demandas, para assim construir possibilidades de atuação. Ademais, procuramos nos nortear por teorias que nos subsidiam na reflexão crítica sobre o que são as ruralidades, dialogando com outras áreas de atuação e desenvolvendo práticas que respeitam esses contextos e promovam a autonomia dessas pessoas. Compreender essa pluralidade de atividades é essencial para respeitar as especificidades de cada local e, assim, pensar as ruralidades como um espaço válido onde as pessoas vivem e constroem seus modos de ser e onde podemos construir nossa atuação. Ao longo do nosso trabalho, são realizadas atividades de mapeamento do contexto comunitário rural; treinamentos ou formações com profissionais da psicologia, que atuam na região do Trairí, trazendo o debate sobre a atuação frente às demandas da população rural; desenvolvendo oficinas com as mulheres camponesas sobre violência doméstica, sobre o trabalho e demais temas que elas apresentem como demanda. É importante destacar que tanto na teoria quanto na prática, o que temos visto são contextos que carecem de acesso aos direitos básicos, que proporcionem dignidade e melhor qualidade de vida, sendo esse um dos focos do nosso trabalho. Outro desafio para as práticas do estágio - esse sendo mais recente - tem sido a pandemia de COVID-19, pois tem distanciado o nosso contato com as comunidades, nos permitindo, por enquanto, apenas encontros no formato remoto. O estágio tem o potencial de desenvolver sensibilidade, proporcionando outro olhar acerca das diversas ruralidades, que, até então, não temos acesso e vem contribuindo para a expansão do olhar sobre a realidade de uma população costumeiramente negligenciada. Tais práticas emancipadoras e intervenções contextualizadas nos retira do lugar de detentores de saber e nos permite realizar atividades, juntamente com essas pessoas, que promovem autonomia.
Palavras-chave: ruralidades; psicologia ambiental comunitária; estágios.