Resumo: Esta comunicação é um recorte de uma pesquisa de doutorado em andamento que tem como principal interesse refletir sobre a Formação em Psicologia a partir do projeto de interiorização e expansão das Universidades Públicas no Brasil, partindo do entendimento que a abertura e o funcionamento de Instituições de Ensino Superior (IES) localizadas em cidades de pequeno e médio porte em diferentes regiões do país, principalmente na região nordeste, é um fenômeno recente no Brasil e que tem produzido mudanças na profissão, tanto a nível teórico quanto prático em função desse novo contexto, que difere daquele em que o campo de saberes e práticas da Psicologia foram tradicionalmente engendrados. Neste sentido, um desafio presente no processo inaugurado pela expansão, através da interiorização, é a adaptação ao contexto em que a Universidade e os cursos se instalaram, uma vez que a interiorização criou uma demanda, até então, pouco consolidada, para o interior, longe dos centros urbanos e das grandes capitais, lugar em que a maioria das teorias e práticas foram produzidas e se desenvolveram, estimuladas, prioritariamente, pelas necessidades do espaço urbano. O deslocamento territorial provocou, assim, a necessidade de pensar sobre os processos de Formação demarcados pela sua territorialidade, pelas questões ligadas aos saberes locais onde o curso está situado, bem como das pessoas que ali habitam e do conhecimento que é produzido diante dessa nova realidade. Para tanto, orientada pelo referencial teórico da Psicologia Sócio-Histórica, este estudo centrou-se na construção de significados e foi dividido metodologicamente em dois momentos. Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico e de documentos que estivessem relacionados ao campo-tema; dentre os documentos privilegiou-se a análise do Projeto Pedagógico de Curso enquanto um documento relevante para obtenção de dados primários acerca do contexto da formação do curso de graduação em psicologia investigado, o qual está situado em uma cidade de pequeno porte do nordeste brasileiro, criado a partir da política de expansão das Universidades Públicas. O segundo momento foi marcado pela realização de duas Rodas de Conversa, com discentes e docentes do mesmo  curso, com o intuito de abrir o diálogo a respeito dos processos de interiorização, potencializando a interação entre estes dois públicos, considerando que estes representam os principais sujeitos no contexto da Formação acadêmica, uma vez que através deles as demandas ligadas à Formação criam corpo, se organizam e reverberam de forma teórica e prática na profissão provocadas, dentre outras questões, pelas experiências de encontros e distanciamentos entre esses atores no espaço da formação da graduação. O processo de escolha da Roda de Conversa como instrumento de produção de dados se deu por entender que ela é rica na troca e na produção de significados, uma vez que ela propõe um espaço de abertura ao diálogo, possibilitando abordar temáticas variadas, e ouvir várias pessoas ao mesmo tempo, privilegiando a interação e a comunicação em grupo; permitindo com isso que o pesquisador produza os dados da pesquisa de maneira conjunta com os participantes; ao tempo que promove um espaço para reflexão, alimentando a troca, os insigths e mediando processos de ressignificação. Compreende-se que a utilização de rodas de conversa no processo de produção de dados de pesquisa foi bastante rica para a construção do conhecimento, tendo em vista que se configurou como um espaço de (re)encontro, em que a palavra circulou livremente entre os sujeitos, e possibilitou a criação de um ambiente descontraído e sério ao mesmo tempo, favorecendo o compartilhamento de experiências relativas à formação interiorizada, em que a premissa do diálogo e da horizontalidade das relações se fez presente, o que contribuiu na negociação e co-produção de sentidos e significados a respeito dos processo de formação a partir da política de expansão.  

Palavras-chave: Psicologia; Formação; Roda de Conversa