Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VII, 2021
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
Robson Aparecido da Costa Silva, Marcos Ribeiro Mesquita
Resumo: Os impactos da pandemia de Covid-19 afetaram o sistema educacional em todos os países do mundo, levando desde o fechamento de escolas e universidades por tempo indeterminado à retomada dos trabalhos educacionais de modo remoto, através da instituição dos Períodos Letivos Excepcionais (PLE), tanto na educação básica quanto superior. Mediante essa nova e iminente possibilidade de ensino-aprendizagem, muitos docentes enfrentam inúmeros desafios didático-pedagógicos, ocasionados pelo ensino remeto. Além disso, a de se levar em consideração que muitos profissionais do magistério foram totalmente surpreendidos pela necessidade de adequar suas práticas pedagógicas presenciais, para as salas de aula virtuais, via plataformas digitais gratuitas, de gerenciamento de atividades ou criação de aulas interativas; que por sua vez, demandam conhecimentos específicos sobre informática para que os docentes possam delas usufruir. Em meio a esse cenário de incertezas e do desenvolvimento de novas ferramentas de ensino e aprendizagem para a educação, inclusive a superior, enquanto mestrando em psicologia do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Alagoas (IP - UFAL), vivendo na pele essa experiência na condição de aluno, chegou-me a hora de realizar meu estágio em docência e, nesse momento, optei por realizá-lo na disciplina de Psicologia Social II, especificamente na turma do 4º período de psicologia do IP - UFAL, dentre os meses de março e junho de 2021. As aulas foram realizadas via Mett, todas as terças-feiras, das 10 às 12h, de modo síncrono, e de maneira assíncrona, via caderno-afetivo no Google Drive. No decorrer da disciplina foram abordados assuntos relativos às relações étnico-raciais, de gênero e sexualidades pelas vias da perspectiva crítica da Psicologia Social. No decorrer do estágio puder ter uma experiência indescritível com essa perspectiva, pois me deparei com um ambiente de ensino-aprendizagem muito diferente do hegemônico e constituído por nós (professor, monitores e estagiário em docência), junto aos estudantes, como um espaço dialógico, crítico e reflexivo, onde o saber circulava de modo menos hierarquizado e a participação dos alunos fluía efetivamente, mesmo diante dos contratempos: algumas telas fechadas, conexão de internet instável, constantes barulhos externos, etc. Ao viver esta experiência pude também aprender a enfrentar algumas das dificuldades trazidas pelo PLE, como a dificuldade de encontrar referenciais bibliográficas (eletrônicos) adequadas à proposta da disciplina via plataformas digitais; apostando assim, na utilização de outros materiais, como cartas, vídeos, documentários, podcast, etc., enquanto instrumentos potentes e criativos de aprendizagem complementar. A experiência, a meu ver, acabou colaborando para a construção de uma formação em psicologia comprometida ético-político para a transformação social e incutiu em uma parte considerável dos estudantes da turma, o desejo de pensar a construção dessa psicologia a partir de seus contextos de vida; inclusive durante a disciplina, os estudantes produziram cartas interventivas endereçadas à comissão antirracista do IP - UFAL e podcast sobre as temáticas abordas na disciplina. A ideia é posteriormente compartilhar os podcasts com a comunidade externa da Universidade através de alguma plataforma digital, e as cartas com a comissão supracitada, no intuito de pensar ações propositivas de combate ao racismo institucional presente na Universidade.
Palavras-chave: Psicologia Social; Estágio à docência; Período Letivo Excepcional.