Anais do Encontro Regional Nordeste da ABRAPSO
VOL. VII, 2021
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
PSICOLOGIA SOCIAL & LUTA ANTIRRACISTA: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS ÉTICO-POLÍTICAS A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE
ISSN 2965-226X
Madelene Rodrigues Limeira, Mestre Dayanne Souza Figueiredo, Mestre Marcela Carvalho
Resumo: Este trabalho se desenvolveu a partir da experiência de estágio curricular Básico II do curso de psicologia da Universidade Tiradentes, em parceria com o Projeto Remonta - Clínica Social LGBTI+, localizados em Aracaju/Sergipe. Com o objetivo de apresentar os fatores sociais que afetam a saúde mental de idosos LGBTI+ assim como identificar as dificuldades de acesso dessa população aos meios de cuidado psicológico em Sergipe, a partir das inquietações acerca do esquecimento social da parcela idosa da comunidade LGBTI+, como também, identificar os produtores de adoecimento mental que estejam vinculados e reforçados por práticas sociais, assim como estabelecer fatores que distanciam a população idosa LGBTQIA+ dos espaços de cuidado psíquico e por fim apresentar estratégias de alcance a essa população. No que tange a população LGBTI+, tem-se que o Brasil ocupa lugar de destaque no ranking de violências motivadas por preconceitos estruturados socialmente contra o referido grupo. Tal violência se configura de diversas formas, sendo elas físicas, emocionais ou constitucionais, etc. As formas de violência contra esta população se apresentam como retaliações, importunação, ofensas morais, violência física, dificuldade de acesso ao mercado de trabalho formal e meios de cuidados à saúde, até propriamente o massivo índice de mortalidade dentro da comunidade LGBTI+. Para sua aplicação prática, devido a pandemia do Covid19, foi utilizado um método exploratório de caráter descritivo e direto, por meio do caminho crítico devido ao pouco espaço de tempo para as execução. Sendo função da (e) Psicóloga (e), em parte, o papel de desconstruir mitos e estereótipos compartilhados pela sociedade, cabe a este profissional estar atendo a fim de construir um olhar crítico e humanizado, visto que no exercício da sua função não exerça sobre outrem carga preconceituosa e possa acolher genuinamente as inquietações subjetivas. Para tal, se faz pertinente o debate sobre a fragilidade formativa dos profissionais de Psicologia, no tocante aos cuidados necessários ao lidar com este público e as novas conjunturas sociais, e diversidade sexual, assim como as implicações em cada fase do desenvolvimento humano. Ainda dentro das questões de sexualidade, os indivíduos em suas diversas formas de estar no mundo, podem ser atravessados também por discriminações de gênero, a exemplo da configuração social machista, assim como preconceitos vinculados a raça e à idade. Devido ao contexto pandêmico o referido projeto se delineou e foi posto em prática remotamente, com atividades online. Apresentou-se a partir dos resultados obtidos, reafirmando as hipóteses da pesquisa, uma dificuldade de acesso online por pessoas idosas LGBTI+, dificultando assim o alcance dos objetivos propostos. Tal dificuldade de acesso se apresenta devido ao meio tecnológico como um espaço não democrático, assim como, a partir da invisibilidade do idoso LGBTI+ e preconceito etário existente dentro da comunidade resultado da supervalorização da juventude que descarta o corpo velho tanto a nível afetivo, quanto a nível econômico, visto que na sociedade brasileira, o indivíduo velho representa pouca valia social e através das novas configurações de papeis sociais é taxado como inválido e improdutivo. Apesar dos fatores acima mencionados, pode-se observar o comprometimento dos idosos que puderam participar em discutir os atravessamentos sociais na velhice LGBTI+, assim como o debate acerca dos assuntos acima mencionados foram efetivamente postos à pauta dentro do âmbito acadêmico e comunitário. A partir dos resultados da pesquisa/projeto constatou -se que os indivíduos que se assumem LGBTQIA+ na terceira idade são um grupo que precisa especialmente do atendimento psicológico, visto que este momento "vem permeado de dor, mágoas, lutas e separações" (ARAÚJO; CARLOS, 2018, p. 231). Além disso, esse grupo de terceira idade sofre ainda mais os estigmas da invisibilidade LGBTQIA+, por não terem sua identidade sexual percebida nos espaços públicos. Por isso é de suma importância uma discussão mais ampliada sobre esse assunto, visto que o Brasil lidera o ranking de violências dessa parcela da população, tornando-as marginalizadas e vulneráveis. Sendo a psicologia parte chave na defesa dos direitos sociais e humanitários desse público.
Palavras-chave: LGBTI+; Psicologia Social; Envelhecimento.